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Por Flávia Reis Ribeiro
22/08/2018
Esse artigo é resultado de uma viagem de 50 dias de prospecção de negócios, de que acabo de retornar e em que visitei quatro grandes cidades nos Estados Unidos: Chicago, Denver, San Francisco e Boston. Fui fazer conexões para minha consultoria que comecei a desenvolver ano passado em desenvolvimento de negócios. O foco da minha viagem foi o estudo de aplicação do processo de internacionalização de empresas, principalmente Startups, participando de eventos e treinamentos internacionais para trazer as melhores práticas a serem aplicadas aqui no Brasil.
A Internacionalização pode trazer importantes benefícios para seu negócio. Atualmente é crescente o número de empresas brasileiras que descobrem os benefícios da expansão internacional de seus negócios e o ganhos de competitividade, campo de atuação e parceiros no exterior.
Segundo a @APEX Brasil, os impactos positivos para a empresa são:
– Aumento do valor da marca pela presença internacional – Maior capacidade de atendimento e resposta a clientes globais – Diferenciação frente a concorrentes domésticos e/ou menos internacionalizados – Proximidade com seus consumidores finais
– Diminuição de riscos pela diversificação de mercados – Acesso a fatores de produção mais baratos – Economia de escala
Vou dividir esse artigo em duas publicações para otimizar a leitura. Comecei participando de um evento de quatro dias de muito treinamento e networking sobre tecnologia e inovação para web developers, o GOTO Chicago, promovido pela empresa Trifork.
Chicago
A conferência reúne inovadores de software e formadores de opinião destacando as tecnologias, metodologias e habilidades englobando o desenvolvimento de software, DevOps e Segurança, tecnologias emergentes, como Machine Learning e Serverless. Foi marcada por keynotes e palestrantes experts e lideranças na indústria Tech e por vários eventos paralelos que envolviam stakeholders diversos como patrocinadores, investidores, executivos, Startups e empreendedores diversos.
Percebi nesse 4 dias uma oportunidade de imersão no mundo Tech e participei de inclusive dos eventos paralelos com o objetivo de incrementar networking e absorver novos conceitos. Na minha opinião pessoal, os contatos que estabeleci foram excelentes, pude experienciar novas formas de modelagem de negócios, de apresentação de Startups para investidores e para clientes, estratégias de negociação e ampliação da rede de stakeholders.
As palestras e workshop foram importantes inspirações e me ajudaram a aprender o know-how prático para aprimorar minhas habilidades.
Nós empreendedores somos nossa própria empresa portanto precisamos saber a melhor forma de “nos vender”. Sabe como isso pode ajudar seu negócio? Inovar, observar os melhores, praticar diferentes formas de abordagem, se remodular para a melhor formatação de seu negócio e expandir seus horizontes.
Denver
Meu movimento seguinte foi passar 15 dias de imersão do ecossistema de Denver participando de Meetups sobre Women in Startup, Careers in Startup e Funding para Startups em variados momentos de mercado. Meus dois principais mentores de desenvolvimento de negócios em tecnologia moram em Denver e eu tive a oportunidade de acompanhar o dia-a-dia e a operacionalização do Tech business nos Estados Unidos.
A Fecomercio publicou que “O brasileiro é considerado empreendedor e criativo por natureza, mas falta ao empresariado uma preparação voltada à abertura de empresas globais.” Precisamos de nos desafiar a entrar no mercado internacional, especialmente nos dias de hoje com a crise econômica e a instabilidade política do Brasil, vejo a internacionalização dos negócios com uma alternativa excelente para os empreendedores e empresários brasileiros.
Sou especialista em cooperação internacional e durante os últimos seis anos fui consultora inovação e tecnologia no Ministério da Saúde trabalhando negócios internacionais, inteligência de mercado e análise de políticas públicas. Vejo o processo de internacionalização além do processo de exportação, envolvendo a construção de parcerias, joint ventures, representação internacional, transferência de tecnologias, capacitações e alianças estratégicas, enfim, recursos não somente financeiros.
Participei do Built in Colorado, um meetup mensal que integra Startups com empresas de tecnologia e pessoas que buscam oportunidades, uma oportunidade de interagir com os líderes de tecnologia do Colorado, descobrir novas oportunidades de carreira, entender o momento do mercado a ainda fazer networking num ambiente descontraído. Um formato de evento que funciona como ponte para conexões e traz resultados a curto prazo. Muito interessante para ser explorado aqui no Brasil.
San Francisco
Na segunda quinzena de maio fui para San Francisco conhecer o modelo de fazer negócios no Vale do Silício e passei por uma semana de imersão em experiências de mulheres na tecnologia, discussões sobre a como empresas tratam a diversidade e a inclusão, e principalmente, em como levar o modelo de tech business para empresas e empreendedores no Brasil.
“Em relação, especificamente, às micros e pequenas empresas no Brasil, menos de 1% exporta. Nos Estados Unidos, esse percentual é de 60%. Países europeus como Espanha, Alemanha, Inglaterra e Itália têm percentuais próximos ao dos Estados Unidos. Além disso, no mundo todo, as empresas nascentes, as Startups, já nascem globalizadas, pensando em exportar seus produtos e serviços”. (Fecomercio, 2018)
A expertise e os exemplos do Vale do Silício são impressionantes e Startups como a Twilio (um serviço baseado em nuvem para o desenvolvimento de aplicativos de voz, VOIP e SMS, usando a API da web), que pude visitar e acompanhar o trabalho de perto empregam centenas de pessoas e já valem milhões de dólares, se tornando empresas com um modelo de operacionalização de negócios de sucesso a ser seguido. O valor de mercado da empresa em 2016 ultrapassava US$2 bilhões.
Na minha visão pessoal entendo o Vale do Silício como o gigante com experiência de anos que atingiu a expertise. Sabemos que as grandes empresas de tecnologia surgiram no Vale como a Apple e a Google, também sabemos o desenvolvimento de computadores e softwares aconteciam na Universidade de Stanford a década de 60. Conviver num ambiente que inspira, capacita e operacionaliza o desenvolvimento de negócios na tecnologia é essencial expandir horizontes. É de extrema valia aprendermos com os melhores e nos cercamos de pessoas, empresas e metodologias que admiramos.
Em Berkeley, recebi um convite especial para ser uma das Embaixadoras do Instituto de Negócios Internacionais do Vale do Silício, uma parceria estabelecida juntamente com colegas de Belo Horizonte numa iniciativa que proporcionará treinamentos e negociações com stakeholders do mundo inteiro.
Boston
Meus últimos de 20 dias de estrada passei em Boston, onde tive oportunidade de participar de eventos em Harvard e no MIT, neste último tive um dia de imersão no Media Lab e seus incríveis projetos. Tive um tour guiado com uma pesquisadora residente que me proporcionou explicações e experiências riquíssimas. Além de benefícios para os pesquisadores residentes como treinamentos com os melhores mentores, compartilhamento de ideias, Transferência de conhecimento, demonstrações interativas, conexões empresariais e geração de propriedade intelectual, o Media Lab trabalha em estreita colaboração com as empresas associadas para fornecer um trampolim para produtos inovadores e pensamento. Ao apoiar a pesquisa por uma série de pesquisas inovadoras, o laboratório fornece uma abundância de idéias, tecnologias e paradigmas para o futuro.
A Dormio, por exemplo,é uma Startup resultante de uma pesquisa incubada e realizada no Media Lab. “Dormio é uma plataforma para interagir com seus sonhos. O sistema Dormio permite o acesso a estados de sono semi-lúcidos que podem influenciar, extrair informações e alavancar a cognição que acontece durante os primeiros estágios do sono, a fim de aumentar a criatividade.
No Brasil, o SEBRAE tem publicações sobre internacionalização de micro e pequenas empresas (MPE), que utilizei como metodologia para a modelagem de negócios que criei para empreendedores. Durante essa experiência de 50 dias nos EUA pude aplicar conceitos a situações reais e obter sucesso pois a Startup apresenta características de MPE para o processo de internacionalização como: produção flexível, algo bastante atrativo para indústrias com demanda ou oferta sazonal, possíveis reduções de custo de produção em indústrias intensivas em trabalho, proximidade com os mercados em indústrias nos quais é importante estar perto do consumidor, marketing de responsabilidade social e produtos únicos.
Os dias finais de minha viagem de prospecção de ideias e negócios foram marcados pela BIO Convention 2018, evento de grande porte em Biotech, que já participei em outras ediçòes anuais pelo Ministério da Saúde. Esse ano tive a oportunidade de participar ano e rever colegas de trabalho e mais uma vez fazer excelentes conexões, participar de debates, Meetups e treinamentos engrandecedores. O evento deste ano reuniu mais de 18.000 participantes de todo o mundo durante 4 dias de conexões e redes, educação e inovação, definindo parceria de Negócios. Os organizadores divulgaram os números de aproximadamente 47.000 BIO One-on-One Partnering entre mais de 7.900 representantes de 3.900 empresas.
De volta ao Brasil, meu intuito é fomentar negócios internacionais preparando empreendedores e empresas para seu modelo de internacionalização. O Brasil tem muitas políticas públicas e programas de incentivo às Startups. O Governo de Minas Gerais tem o SEED, um programa de de aceleração que garante incentivo em diversas esferas para o empreendedor, o MDIC apoia Startups por meio do Inovativa Brasil e pela Agência ABDI e seus variados eventos, treinamentos e premiações. Venho acompanhando todas essas iniciativas de perto, trabalhando com essas políticas públicas e sei que com tutores e mentores capacitados, nossos empreendedores estarão prontos para internacionalizar e levar nossas ideias para fora! Vamos juntos trilhar modelos de negócios para tornar isso possível?