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Por Victor Navarrete / Via ACE
01/05/18
Recentemente, estive em um debate dentro de uma grande empresa, super tradicional em seu modelo de negócio, sobre o porque dela não conseguir inovar. Vários problemas foram levantados e, entre eles, o de que os funcionários estavam “atrasados”, ou seja, desatualizados de metodologias que ajudassem o desenvolvimento de negócios inovadores dentro da companhia.
Eis que surge a pergunta:
“Como podemos transformar a nossa companhia para começarmos a ser atrativos para os millennials?”
Um diretor pediu a palavra e falou:
“Não podemos culpar os funcionários por isso. Temos um dos mais rigorosos processos seletivos do mundo e tenho certeza de que temos o melhor corpo de profissionais do nosso segmento.”
Bingo! O diretor tinha razão! Conversei com dezenas de diretores, gerentes e supervisores e todos eram profissionais de altíssimo gabarito.
Então o que o diretor, durante o debate, estava defendendo afinal? Era algo que nós costumamos a dizer aqui na ACE: os inovadores estão dentro das empresas! O problema não está nas pessoas e sim nos processos. Inovar não é fácil, requer técnica e procedimentos que permitam que a inovação aconteça.
O que podemos aprender com startups?
A jornada de uma startup passa por quatro estágios de evolução: ideação, validação, crescimento e escala.
Na primeira, a ideação, geralmente o empreendedor está sozinho, com um problema que o incomoda e com algumas hipóteses de como resolvê-lo. Nessa fase, ele rabisca um mini planejamento de como e quando irá validar essas hipóteses para aprofundar mais no problema e na pessoa que o possui. Qualquer investimento nessa fase pode ser considerado um desperdício.
Na fase de validação, o empreendedor de startups já não está mais sozinho e tem mais algumas pessoas para ajudá-lo, implementa o projeto, testa diversas possibilidades e, com base nas suas validações, constrói o seu MVP (Minimum Viable Product).
Muitos testes depois (e coloca teste ao quadrado), a equipe encontra o seu melhor canal de vendas, ajusta o produto para o que o cliente realmente precisa e impulsiona o seu crescimento. É nessa terceira fase, a de crescimento, que se começa a investir um pouco mais, principalmente em marketing.
Depois de progredir com um ótimo crescimento em faturamento e número de clientes, esse negócio atinge um patamar de escala. Nesse último estágio, a equipe estrutura processos e contrata pessoas para conseguir atender a tudo o que for necessário para escalar com qualidade.
Os estágios para a inovação acontecer dentro de uma grande empresa são os mesmos de um empreendedor de startups.
Por onde começar?
Se você começar a atuar como uma startup dentro de uma organização, questionar o status quo, desenvolver iniciativas de inovação, novas soluções inovadores, o seu chefe irá te reconhecer? Você terá maior bonificação no final do ano?
Provavelmente não!
Provavelmente te dirão que você está perdendo o seu tempo e os recursos da empresa para isso. Tem os que o digam que “isso não funcionará nesse mercado porque ele trabalha há décadas com isso e sabe mais do que ninguém”.
O RH te dirá que o que está fazendo está “fora do job description” e isso se caracteriza desvio de função. Sem contar que, em muitos casos, o intra-inovador é impedido de trabalhar depois das 18hs porque a lei não permite uma carga horária maior do que x horas.
E aí vem o Jurídico, no momento de fazer um contrato do seu projeto inovador com um fornecedor fora da empresa ou até mesmo um novo cliente, atrasa o processo em 3 meses por questões contratuais.
E depois de aprovado, o pedido vai para o departamento de Compras que sabe-se lá o que acontece por lá, mas também é um processo demorado. E aí o intra-inovador encontra uma possibilidade de tocar esse projeto fora da empresa mas vem Facilities precisando aprovar o novo local.
São algumas barreiras em que o empreendedor de dentro de uma companhia, que nos lê agora, sabe que acontecem. E como resolver esses problemas? Como superar essas barreiras?
CRIANDO UMA CULTURA DE INOVAÇÃO PARA INOVAR DENTRO DE UMA GRANDE EMPRESA
O primeiro passo é trabalhar o mindset de inovação da empresa. Não é fácil articular novos projetos entre os colegas de trabalho. Eles precisam estar envolvidos.
Mas o que exatamente une pessoas? Um propósito!
É fundamental mostrar por A mais B que a empresa precisa se reinventar ou mudar os seus processos para continuar viva no mercado. E ai entra uma lista de perguntas:
> O que os gestores da sua empresa estão fazendo para evitar um morte lenta da companhia?
> Como o seu cliente gostaria de ser realmente atendido?
> Quais são os desejos não aparentes do consumidor do seu produto e que você está conseguindo atender?
> O quão lento é esse processo?
> Para o que ele te compra?
> O quão caro custa o seu produto?
> Como fazer para que seu cliente vire um embaixador da sua marca?
> Com qual frequência a sua empresa conversa diretamente com o seu cliente?
Envolver as pessoas de diversos departamentos e em níveis hierárquicos diferentes é fundamental para todo o processo.
Outro ponto fundamental é o pleno entendimento da cultura do erro: novos produtos/serviço e processos precisam falhar várias vezes. O aprendizado que vem de testes junto com clientes é o mais importante e crucial para o sucesso de um projeto de inovação. Em várias empresas, no entanto, isso é visto como algo negativo – uma visão que deve ser superada.
Para uma inovação acontecer, desde a concepção da ideia até o crescimento desse novo projeto, recomendamos algumas ações:
BENCHMARKING
Levantar como empresas do mesmo segmento estão organizando suas políticas de governança. Fazer um benchmarking é importante para aproveitar o aprendizado de outros players mundiais. Procure responder perguntas como: de que forma essas empresas estão se envolvendo como startups? Como funciona a matriz de quando estão desenvolvendo projetos internos? Como os departamentos de RH estão se reinventando para dar mais liberdade para os colaboradores da empresa?
FLUXO DE INOVAÇÃO
Traga para uma discussão aberta entre áreas-chave da empresa (como T.I., Suprimentos, Compras, Vendas, RH, Facilities, entre outros) e mostre para eles o quanto os processos atuais provavelmente prejudicam o processo de inovação. Tente sair com uma proposta de melhoria, SLAs (Service Level Agreement) bem definidos e com menor prazo possível e desenhe o fluxo ideal para a inovação acontecer;departamentos de RH estão se reinventando para dar mais liberdade para os colaboradores da empresa?
CONSELHO DA INOVAÇÃO
Estruture um Conselho da Inovação com representantes de diversas áreas e que contenha representantes da alta diretoria. Esse fórum tem como objetivo destravar qualquer impedimento, ajudar para que a inovação aconteça (e não o contrário), ele acompanha as KPIs dos projetos e aprova orçamentos.
DIRETRIZES PARA A INOVAÇÃO
Não basta querer fazer diferente, é necessário um plano para isso. É preciso definir quais serão os direcionamentos que a companhia irá adotar no processo de inovação o qual deve ser bem gerido. As regras precisam ser claras. Recomendamos adotar o passo-a-passo respondendo às seguintes perguntas:
1 – Teses: Quais tipos de projetos a companhia irá apoiar? Quais problemas serão atacados?
2- Pessoas: Como será a construção das equipes? A empresa escolherá os colaboradores ou eles formarão as equipes? Qual é a estrutura mínima de equipe? Quantas pessoas por equipe? Quantas equipes trabalharão no mesmo problema? Quem permanecerá fulltime em um projeto e quem irá atuar em todos? Quais competências serão necessárias na equipe e como a companhia irá treiná-la?
3 – Seleção: como funcionará a seleção das ideias? Quais serão os principais pontos a serem observados?
Ferramentas e metodologias de auxílio
Existem, no mercado, algumas ferramentas e metodologias disponíveis e que auxiliam os atores da inovação a desenvolverem os seus negócios. Destacamos:
Metodologias ágeis para desenvolvimento de projetos: Scrum, Kanban, Design Sprint, Lean Startup.
Ferramentas ágeis: Clicksign (assinatura de contratos online sem precisar de papel), Hubspot ou Resultados Digitais (automação de marketing, acompanhamento de pipeline de vendas, entre outros recursos), Trello ou Asana (para desenvolvimento e acompanhamento de projetos), Resultys (gerador de leads qualificados para prospecção), entre outros.
4 – Acompanhamento: quais serão os KPIs a serem monitorados ao longo do desenvolvimento dos projetos?
ATUAÇÃO EM SQUADS
Algumas grandes empresas no mundo estão adotando as forças internas para a criação de novos produtos e exploração de novos mercados. Um exemplo disso é a Spotify, streaming de música, que se organizou para atender da melhor forma possível os seus mais de 60 milhões de usuários.
A empresa se organizou em vários Squads onde cada um é responsável por resolver algum problema: ora um está em desenvolvimento de uma feature que é esperada pelos seus usuários, outrora maior matching de músicas para cada perfil, outros para separar as músicas mais recentes dos principais artistas, entre outros fatores.
Fato é que, com essa estrutura, eles conseguiram desenvolver novos projetos de maneira mais ágil e que permita o aprendizado.
Veja como eles se organizam:
TRIBO
Trata-se de um conjunto de squads e ficam uma próxima da outra. Os membros periodicamente para apresentarem seus trabalhos e compartilhar conhecimento.
CHAPTER
Nada mais, nada menos, do que um grupo específico de profissionais de vários squads para troca de informações e aprendizados. Geralmente, estão dentro de uma só tribo e os encontros é organizado por um líder do Chapter.
GUILD
Com os mesmos objetivos do Chapter, as Guilds são formadas para troca de informações. Porém, elas misturam diferentes profissionais que podem ser de Squads e Tribos diferentes.
QUER SABER MAIS SOBRE INOVAÇÃO EM GRANDES EMPRESAS?
E aí? Pronto para inovar? Venha tomar um café com a gente. Podemos ajudá-lo nesse processo. Temos especialistas de alto gabarito ajudando empresas a se reinventarem.
Entre em contato comigo ou com o time da ACE e nós podemos te explicar as diversas soluções que temos tanto para implementar o mindset empreendedor dentro de uma grande organização como para ajudar que ela inove com e como startups.
E para se manter atualizado sobre nossas últimas novidades a respeito do mundo da inovação aberta e dos processos de inovação dentro de grandes empresas, não deixe de acompanhar a Business Hack, nossa newsletter de inovação corporativa feita especialmente para quem enfrenta a batalha diária de criar uma nova forma de inovar dentro de companhias tradicionais.