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Tenho visto muita gente palestrando, escrevendo, postando sobre e incentivando a inovação. Acho sensacional. Todo este movimento é muito importante, pois precisamos incentivar novos caminhos e maneiras de se fazer as coisas para melhorar as vidas das pessoas e os negócios. Mas, na boa, gente, inovação não é apenas isso.
A pessoa não é inovadora somente porque teve uma ideia brilhante, ou porque tirou fotos no Vale do Silício. Ela não é inovadora porque montou uma startup ou porque ela admira empresas como a Amazon ou a Zappos, muito menos porque leu a biografia do super Elon Musk. Falta algo muito importante quando falamos de inovação!
Tá faltando mostrar e sentir de verdade as coisas que nem todos os inovadores contam em seus livros. Aliás, nenhum inovador de verdade inova usando livros. Sabe por que? Porque inovador gosta de criar seus próprios caminhos. Ele até gosta de referências, mas fazer o que outros fizeram? Nunca.
Outra coisa: para ser inovador, você não precisa ser um Steve Jobs, um Elon Musk ou um Jeff Bezos, você pode ser um simples cara como eu. Vamos ao meu pensamento.
Se hoje eu escrevo sobre inovação, me dou essa liberdade porque, com 41 anos de idade, me considero um cara inovador. Isso pode até ser uma vantagem competitiva, mas acredite, pago um preço alto por ser assim.
Inovação é um processo cultural que se desenvolve em torno de ações praticadas por pessoas inovadoras que geralmente têm grande ligação com a personalidade da pessoa. Ser inovador não é nada fácil, aliás, às vezes, é um saco. Muita água passou debaixo da ponte até o inovador ser reconhecido como ‘’O Cara”.
Quando crianças, o inovador é o chato da turma. Pode até ter popularidade, mas está sempre fazendo coisas que incomodam a todos ao seu redor, e essas ações, na maioria das vezes, voltam sempre de forma negativa. O inovador, na infância, é famoso o Aparício da escola, isto é, o aparecido, o exibido, tipo o que todo mundo faz hoje nas redes sociais.
Os amigos dizem que ele precisa mudar, precisa ser diferente, para ser um cara mais aceitável. Ele tenta mudar e, na verdade, só piora as coisas.
As inovações estão muito além do mundo corporativo, elas são nativas do dia a dia do inovador, ou melhor, do “maluco”, pois é assim que somos vistos pela sociedade até ganhar alguma fama ou dinheiro com ela, aí de malucos somos eleitos inovadores.
Conheço muitos inovadores nativos, poucas pessoas conseguem se inserir nesta cultura, pois somos descriminados o tempo inteiro, principalmente pelos inovadores literários! Aqueles que só citam os famosos de verdade, os plebeus aqui em baixo ninguém dá moral.
Bem, antes de continuar o texto, vou mostrar algumas das minhas peripécias infantis que mais incomodaram as pessoas na época, assim vocês entendem um pouco mais desta evolução da cultura inovadora em um maluco.
– Primeiro garoto a saltar duplo de paraquedas do Brasil;
– O mais novo a voar Paraglider do Brasil;
– Minha primeira moto eu mandei cromar ela quase toda;
– Fiz o 1º Ano de Economia junto com 3º Ano Científico (saiu até no jornal, uma longa história);
– O dia que comprei um Óculos Branco da Oakley (hoje todo mundo usa e ninguém fala nada);
– Ir ao Show do Kon Kan com uma calça igual do MC Hammer da música U Can’t Touch This (Sou gozado até hoje por causa da merda da calça);
– Ir de patins para faculdade de Economia; fui para de publicidade também, era mais aceitável.
– Trabalhar com E-commerce em 99 – Meus professores da Universidade me disseram que vender pela internet não ia para frente;
– Construí um carro quase que do Zero, queria algo com minha cara, aliás foram dois;
– Pedi demissão de um super emprego para virar ambulante em 2004 e depois de anos descobri que o que tinha montado hoje todos chamam de Food Truck;
Exibido, hein?
Bem vou parar por aqui, não vou colocar as invenções de moda mais recentes – quem me acompanha, conhece a figura. O que quero com isso é mostrar que a inovação não é algo que você dorme sem e acorda abraçado com ela.
Ela deve ser construída com o tempo e geralmente está ligada à sua personalidade, quase sempre criativa, mas uma coisa não tem nada haver com a outra.
Mesmo hoje eu sendo um Consultor e Palestrante reconhecido, ainda sofro com este jeito diferente de ver as coisas, ou melhor, de me portar socialmente. Nem sempre sou convidado para palestrar em eventos mais formais, não sou um cara de tantos amigos como todos acham que sou. Sou uma pessoa boa e mesmo assim, ao contrário que muitos pensam, nem todos querem estar por perto.
Uns até falam “o Fred ou você Ama ou Odeia”. Será que os que me odeiam, me odeiam pelo simples fato do Fred fazer o que eles tem vontade de fazer e nunca fazem? Sem falar que há os que me ignoram também.
Mas hoje me divirto com isso.
Nós, inovadores, somos uma raça difícil de entender, às vezes por nós mesmos. A ansiedade é um grande vilão em nossas vidas. Tomo remédio diariamente para controlar esta minha inquietude, uma vontade que vem do nada de querer fazer tudo melhor e diferente dos outros.
Inovar é literalmente coisa de doido, gente. Sempre que invento uma moda nova aqui em casa, minha mulher quer me matar, ficamos até sem conversar. Minha mãe cai de cima dando porrada, e haja dinheiro para as loucuras. (Detalhe: quando for inovar nunca pergunte a ninguém! Eles vão falar que vai dar errado.)
Vocês não tem ideia dos milhões de reais que já torrei com erros e besteiras, milhões mesmo, às vezes imagino se não seria melhor ser gerente e banco, ganhar o meu, e chegar em casa todos dias às 18:25. Mas eu não ia conseguir. Não é para mim, nada contra, até admiro.
Bem, este artigo é, na verdade um desabafo. Inovar tem suas dores também. É isto nem todos que falam de inovação não falam, pois não são dores corporativas, elas impactam diretamente nas pessoas, nas suas vidas. E no seu meio ambiente.
Então, se você quer inovar, precisa começar a mudar seu jeito de ser já, para que um dia esse doido que me dominou te domine também.
Welcome to Inovaland. Um lugar para loucos de verdade.