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Via Dino
23/05/18
Somente as 10 companhias que mais distribuíram lucros devolveram a seus acionistas R$ 61,8 bilhões no ano. Dividendos podem ser uma arma do investidor na hora de aumentar seu patrimônio.
No ano de 2017, as empresas listadas na bolsa de valores no Brasil pagaram R$ 79,63 bilhões em dividendos. Em comparação com 2016, o total distribuído foi 13,31% superior. O valor foi o mais alto desde 2014, quando o total pago foi de R$ 90,96 bilhões e o recorde histórico da bolsa nesse quesito aconteceu em 2011, quando as empresas pagaram aos acionistas R$ 92,3 bilhões de reais em dividendos.
O levantamento foi feito pela Economatica com base em informações contábeis declaradas pelas empresas à Comissão de Valores Mobiliários.
De acordo com o levantamento, o setor que mais pagou dividendos em 2017 foi o bancário, que distribuiu R$ 28,3 bilhões. Empresas do setor de alimentos e bebidas, por sua vez, pagaram a seus acionistas R$ 11,55 bilhões, enquanto as da área de energia elétrica R$ 6,9 bilhões.
Entre as companhias, o maior pagador foi o Itaú Unibanco, que, sozinho, distribuiu R$ 10,7 bilhões, o maior valor da história para o banco e 38,14% a mais do que em 2016.
Em segundo lugar vem a Ambev, que havia sido a maior pagadora em 2016 e distribuiu R$ 8,8 bilhões. A cervejaria é seguida por outros dois bancos, Bradesco e Santander, e pela Cielo.
Somadas, as 10 empresas que mais distribuem dividendos pagaram a seus acionistas R$ 61,8 bilhões.
Dividendos e independência financeira
A maior parte dos investidores que compram ações de empresas que distribuem dividendos busca o efeito dos juros compostos. “O efeito dos ‘juros compostos’, que ocorre quando o investidor reinveste os dividendos recebidos de uma empresa, potencializa muito o crescimento do patrimônio”, diz Tiago Reis, fundador e CEO da consultoria de investimentos Suno Research.
Por exemplo, se um investidor tiver R$ 100 em ações de uma companhia que paga um total de 10% de seu valor de mercado em dividendos por ano e reinvestir esses dividendos recebidos, ele terá R$ 110 em ações dessa companhia ao final do ano. No ano seguinte, quando essa mesma empresa pagar novamente 10% do seu valor de mercado em dividendos, esse investidor receberá R$ 11 (os 10% dos R$ 110 que ele possui). Se reinvestir esses R$ 11, terá R$ 121. No ano seguinte, receberá R$ 12,1, e assim por diante.
É o famoso efeito “bola de neve”, que fez com que investidores famosos, como Warren Buffett, fizessem sua fortuna na bolsa de valores.
Ao mesmo tempo, o efeito desestimula que o investidor retire dinheiro de seus investimentos. O próprio Buffett conta que fez um dos piores negócios de sua vida quando, certa vez, nos anos 1950, retirou US$ 2 mil que tinha em ações para comprar um posto de gasolina. Ele calcula que, se esse valor continuasse em sua bola de neve, valeria mais de US$ 6 bilhões hoje.
Esse efeito dos juros compostos também pode acontecer com aplicações de renda fixa, como o Tesouro Selic. Mas, nesse caso, somente se o investidor não sacar seu rendimento, já que o reinvestimento é automático. Ainda assim, tirando em casos fora do comum, como ocorre quando a taxa Selic está em um valor muito alto, o investimento em boas empresas listadas na bolsa de valores tende a ser melhor remunerado do que a renda fixa.