Construindo a sua primeira startup

Antes de mais nada…

Eu gerencio uma equipe de Entusiastas do Produto no maior Startup Studio do Brasil, com a grande missão de ajudar empreendedores a transformar ideias em startups viáveis e de sucesso. Particularmente, eu amo trabalhar com startups, assim como toda equipe do nosso Studio e isso se deve, principalmente, ao fato de que há algo de mágico e motivador no estágio inicial de qualquer empreendimento: nós conseguimos ver uma ideia ganhar vida, conversamos com públicos diferentes e trabalhamos com pessoas visionárias, que tentam diariamente romper barreiras para fazer algo diferente, com potencial de mudar a vida de um grupo de pessoas. Não são simplesmente sonhadores, mas pessoas que fazem seus sonhos acontecer. Afinal…

“A vida é muito curta para construir algo que ninguém quer”
(Ash Maurya, Running Lean)

Todos nós queremos trabalhar em coisas que as pessoas de fato utilizam e enxergam valor, mas como isso pode ser possível ou mais fácil (talvez menos árduo) de ser alcançado?

O Lean startup ou a Startup Enxuta

O livro “A Startup Enxuta”, de Eric Ries, baseado no modelo de produção da Toyota — lean manufacturing ou lean thinking — traz diversas lições para quem quer empreender e chegar a produtos e processos de sucesso, sem desperdício de tempo e recurso.

As startups não têm a intenção de criar uma ideia brilhante e fazer sucesso instantâneo (embora muitos ainda pensam assim), como muitos artigos ainda nos fazem acreditar. Empreendedorismo, na verdade, tem muito mais a ver com um ciclo contínuo de testes e aprendizados … mas mais rápido que seus concorrentes.

Não é à toa que a maioria das startups falha, mas muito desse fracasso é evitável, e o Lean Startup é a metodologia que ajuda os empreendedores a evitar as falhas.

A razão pela qual a maioria das startups falha é o fato de adotarem uma abordagem tradicional: pesquisa de mercado (benchmark), estratégia sólida, plano de negócio robusto e um ótimo produto. Mas não é assim que as startups funcionam. Se você parte da suposição que já sabe o que o mercado quer, você está fadado ao fracasso. As startups falham não pelo produto, que pode ser lindo e maravilhoso, mas sim pela falta de clientes. Ou seja, pela falta de pessoas que têm a dor que a sua solução resolve. Você perderá tempo e dinheiro tentando desenhar um produto perfeito antes de perceber que não há mercado para ele.

Então, se você é um empreendedor ou funcionário visionário, que deseja projetar o futuro, buscar soluções inovadoras ou resolver problemas da sua empresa ou de um grupo de pessoas, estas 5 lições do pensamento enxuto que eu aprendi com o livro são, definitivamente, para você!

1. Construir — Medir — Aprender

A metodologia Lean Startup é baseada em um ciclo de repetição: construir — medir — aprender. Crie um produto, avalie as reações de seus clientes e saiba se sua ideia foi validada ou se você precisa se adaptar. Repita o ciclo até que seus clientes te enviem um sinal claro de que seu produto atende a uma necessidade real do mercado.

2. Projete uma rota de teste de mercado

Antes de embarcar nesta jornada, é importante considerar: quais são as duas ou três premissas-chave que você considera como fator determinante para o sucesso da sua startup? E qual é a maneira mais rápida e barata de testá-la?

3. Construa seu MVP

Depois de projetar seu teste, crie um MVP (produto mínimo viável). Ah…não se engane, de longe esse terá que ser um produto do qual você se orgulha. Você precisará apenas das features essenciais para produzir resultados significativos.

4. Mensure as reações

Depois de ter o seu MVP pronto, é necessário uma maneira efetiva de medir as reações de seus clientes durante os testes. Para evitar qualquer julgamento depois de coletar os dados, o ideal é definir algumas métricas iniciais de análise. Ex: número de conversões, cadastros, inscrições de e-mail etc… quanto você precisa atingir de cada métrica para considerar o teste de mercado um sucesso? Seja claro sobre o sucesso e o fracasso do seu produto, porque será muito mais difícil distinguir os dois mais pra frente.

5. Aprenda: Pivotar ou perseverar?

E, finalmente, avalie o que você aprendeu: pivotar ou perseverar? Se suas suposições/hipóteses levantadas na primeira etapa forem confirmadas, você estará fora da “maratona” e agora poderá se concentrar no refinamento do produto. Mas, se uma de suas principais suposições não for comprovada, uma das alternativas é pivotar… mudar sua ideia ou focar em um segmento de cliente diferente… e começar o ciclo novamente. Pode ser que você tenha que experimentar mais do que o esperado antes de encontrar o que seus clientes realmente desejam. Mas saiba também a hora de colocar um ponto final; é necessário.

Qual a conclusão disso tudo?

Frequentemente, vejo empreendedores mergulhando de cabeça em uma ideia pela qual eles são apaixonados. No entanto, há uma abordagem mais científica e eficaz para construir uma startup. Ter um processo para gerenciar o caos e as incertezas que cercam as suas ideias pode ser um salva-vidas quando você sentir que está lutando contra algo. Ou então, nadando no fundo do poço! Vamos tentar?